Nota: atualmente (2023) não é mais possível visitar sem guia.
Sou entusiasta das visitas guiadas, mas contrariando todas as previsões e conselhos resolvi visitar Machu Picchu sem guia. Considero a decisão acertada pra mim, mas será que pra você também seria? Vou explicar a situação aqui nesse artigo e tire suas conclusões.
Antes de começar, vale lembrar que desde julho de 2017 foram implementadas novas regras de visitação em Machu Picchu. Além de escolher o turno de visitação (de manhã ou de tarde), seria obrigatório entrar com um guia. Eu visitei em outubro de 2017 e entrei normalmente no turno da manhã sem guia,sendo que não fiz as subidas de Huayna Picchu ou Montaña. Pode ser que isso mude, mas aqui só vou relatar minha experiência.
Em vários artigos aqui do blog eu defendo a importância dos guias quando são bem treinados e conhecem a história do local. Visitas arqueológicas podem ser frustrantes caso não tenha alguém pra conduzir sua experiência. Em quase todas minhas visitas pela viagem ao Peru contei com guias experientes capazes de transformar as ruínas e pedacinhos de pedras em histórias inesquecíveis. Para virar guia no Peru é preciso 3 anos de estudo, é um curso superior. Aqui no Brasil, por exemplo, são só 6 meses de curso profissionalizante. O guia que tive no city tour de Cusco foi sensacional, pelo Vale Sagrado também. Todas essas visitas fiz antes de chegar a Machu Picchu.
Por qual motivo então decidi ir em Machu Picchu sem guia? Ora, ora, porque se eu for contar pra vocês, caros leitores, quantos documentários sobre Machu Picchu eu já vi no NatGeo, Discovery Channel, History e sobre o quanto já li sobre a cidade “perdida” vocês não iam acreditar. Tenho interesse particular em arqueologia, apesar de não trabalhar com nada relacionado. Pela ‘fama’ da cidade inca é claro que existem muito mais documentários sobre Machu Picchu do que de outras partes do Peru. Deixe-me estar cá em paz com a minha soberba e eu segui feliz sem guia por Machu Picchu.
Qual foi a vantagem de ir sem guia? Consegui fugir da multidão e em alguns lugares até fiquei sozinha. Preciso ressaltar que a visita de Machu Picchu pra mim não teve nada de mágico. A quantidade de gente é assustadora e faz parte daquelas coisas que ninguém posta no Instagram. É possível se conectar com as forças espirituais dos deuses incas disputando espaço com outros turistas? Acho que não. Machu Picchu pra mim é um exemplo das consequências nefastas do turismo pra um lugar, mas isso não é o assunto do artigo.
No dia ‘D’ da viagem acordei pra batalha às 5:00 da manhã em Águas Calientes, tomei café, fiz check-out e peguei o ônibus pra Machu Picchu. A fila já era de alguns quilômetros, mas chegando na entrada do parque consegui entrar sem tumulto. Os guias ficam na porta oferecendo o serviço. Recusei e corri pra começar minha visita. Em vez de subir e fazer a foto clássica decidi ir pela parte baixa da cidade e em algumas partes até fiquei sozinha. Pude fazer fotos tranquilamente.
De manhã a névoa é grande e decidi fazer a parte baixa primeiro. Não tinha ninguém, pois os guias levam todo mundo pro alto primeiro. Fiz fotos e esperei as nuvens sumirem pra fazer a parte alta, de onde se tira a fotinha clássica.
Depois segui pra a parte alta da cidade, onde já tinha bastante gente às 8:00 da manhã. Então decidi fazer o caminho de Inti Punku antes de ficar por ali. No caminho, algumas pessoas, mas também pude contemplar a paisagem em alguns momentos praticamente sem ninguém por perto.
Caso eu estivesse com guia certamente ele não iria fazer as visitas nessa ordem. Além disso, o guia precisa dar explicações e você tem que ficar parado em alguns lugares por muito tempo. E, sinceramente, tempo em Machu Picchu é paz. Por volta de 10:00 a cidade inca já está praticamente lotada com fila indiana pra andar. Por volta de 11:00 quando já chegaram os trens que vêm de Cusco fazer o bate-volta, a cidade já tinha virado o Réveillon de Copacabana. Por volta do meio-dia eu já tinha visitado praticamente tudo. Voltei à parte baixa mais uma vez, bem lotada. Decidi então finalizar, descer e almoçar em Águas Calientes antes de pegar meu trem de volta a Cusco às 15:00.
No fim, valeu a pena ir sem guia? Pra mim sim, pois já li muito sobre Machu Picchu e decidi fazer uma visita meramente contemplativa. Não aconselho isso pra todo mundo porque o guia pode fazer diferença se o seu primeiro contato com a história do lugar vai se dar ali no local.
E vocês, o que pensam? Melhor com guia ou sem guia?
Nota: Postado inicialmente em 2017. Atualmente não é mais possível visitar sem guia.